Como a compra em consórcio pode reduzir custos para negócios menores no mercado CPG
As pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras operam com apenas 54% da produtividade observada em grandes corporações — um número que, mais do que refletir um problema interno, expõe um desequilíbrio estrutural no acesso a recursos, infraestrutura e condições comerciais favoráveis.
No setor de bens de consumo embalados (CPG), essa assimetria se traduz em desafios ainda mais intensos: enquanto gigantes negociam insumos a preços altamente competitivos, pequenas e médias empresas enfrentam custos unitários mais altos, prazos de pagamento restritos e menor poder de influência sobre fornecedores estratégicos.
Um mercado desafiador (e desigual)
Ao longo dos anos, o setor de CPG tem sido pressionado por margens cada vez mais apertadas. Matérias-primas com preços voláteis, embalagens que oscilam de acordo com o dólar e serviços logísticos frequentemente ineficientes criam um ambiente hostil para as PMEs.
Enquanto isso, grandes indústrias seguem se beneficiando de escala, redes globais de fornecedores e contratos com prazos mais longos e preços menores. Nesse contexto, não é raro que uma PME pague até 30% mais caro pelos mesmos insumos que um player consolidado — e com prazos mais curtos.
Mas e se essas empresas pudessem negociar como as grandes — sem, necessariamente, se tornarem grandes?
É justamente esse o papel que a compra em consórcio começa a desempenhar: transformar volume coletivo em vantagem competitiva individual.
O que é, afinal, a compra em consórcio?
Diferentemente dos consórcios tradicionais voltados à aquisição de bens duráveis, como imóveis ou veículos, a compra em consórcio no mundo corporativo funciona de forma mais dinâmica. Empresas com necessidades semelhantes se organizam para comprar juntas. Essa união cria volume. E onde há volume, há poder de negociação.
De início, as empresas alinham suas demandas e definem os itens que serão adquiridos em conjunto — normalmente matérias-primas, embalagens ou serviços logísticos. Em seguida, um processo de cotação centralizado é realizado, negociando com fornecedores como se fosse uma só empresa, porém com um poder de compra multiplicado.
Na prática, isso significa preços mais competitivos, melhores prazos de pagamento e condições logísticas otimizadas.
Não é teoria: já está acontecendo
Embora ainda pouco explorado no Brasil no contexto de CPG, o modelo de compra colaborativa já vem ganhando força em setores estratégicos. Segundo dados da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), o volume de negócios via consórcio cresceu 13,2% apenas no primeiro semestre de 2024, alcançando R$ 201 bilhões em créditos comercializados.
Mais relevante ainda é o avanço no segmento de equipamentos para produção e serviços, diretamente ligado a indústrias de alimentos, cosméticos e bebidas. Esse movimento indica que empresas já perceberam que acessar mais pagando menos deixou de ser exclusividade de quem é grande.
Mas por que funciona tão bem para o setor de CPG?
Antes de tudo, porque o setor de bens de consumo embalados trabalha com itens de alta frequência e grandes volumes. Isso torna o modelo de consórcio particularmente eficaz.
Além disso, empresas de médio porte frequentemente enfrentam gargalos comuns: os mesmos tipos de insumo, fornecedores em comum e estruturas logísticas semelhantes. Portanto, os pontos de sinergia são reais e aproveitáveis.
Veja o caso de um grupo de pequenas marcas de sucos naturais no sul do Brasil. Unindo-se para comprar garrafas PET personalizadas de um fornecedor único, conseguiram reduzir o custo unitário em 18%, além de obter prazos de pagamento mais longos e entrega direta em pontos descentralizados. Sozinhas, nenhuma delas teria volume suficiente para sequer entrar na mesa de negociação.
Da negociação ao transporte: as múltiplas formas de economizar
Os benefícios não param no preço. Ao agir em conjunto, empresas podem:
- Negociar descontos por volume — com reduções de 5% a 20%, segundo a consultoria Level Group;
- Diluir custos logísticos, compartilhando transportadoras e centros de distribuição regionais;
- Reduzir custos operacionais indiretos, como sistemas de rastreamento de pedidos ou softwares de compras compartilhados;
- Melhorar o fluxo de caixa, com prazos de pagamento estendidos graças ao poder de barganha do grupo.
Em alguns consórcios avançados, o próprio acesso a tecnologias antes inviáveis para PMEs é viabilizado. Plataformas B2B de compras, rastreamento automatizado de pedidos e ERPs com preços corporativos se tornam possíveis quando contratados em bloco.
O lado B: desafios e aprendizados
Naturalmente, nem tudo são flores. Como qualquer estratégia colaborativa, o consórcio exige governança. É preciso alinhar preferências por fornecedores, definir critérios objetivos para seleção de parceiros e manter canais de comunicação claros.
Além disso, a confiança entre os membros é indispensável. Diferenças de escala, ritmo de compra ou exigências técnicas podem gerar atritos se não forem previamente alinhados.
A boa notícia é que existem modelos já validados para evitar esses riscos: consórcios geridos por plataformas neutras (como a GrowinCo.), estruturas com comitês de decisão rotativos e escopos de compra bem definidos (por exemplo, começar apenas com embalagens) são práticas recomendadas para garantir fluidez e segurança.
Do custo à estratégia com compra em consórcio
Hoje, reduzir custos não é mais apenas uma meta operacional. É uma vantagem estratégica. Num setor como o CPG — dinâmico, competitivo e sensível a margens — qualquer ponto percentual faz diferença.
A compra em consórcio não é apenas uma solução tática. Ela representa uma nova forma de pensar o sourcing: mais colaborativa, mais inteligente, mais adaptada ao futuro do consumo.
Talvez a próxima vantagem competitiva da sua empresa esteja não em crescer sozinha, mas em crescer junto.
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